miércoles, 4 de noviembre de 2009

“Não tive tempo de ter medo”

Nome maldito para saudosos do muro stalinista, "democratas de mierda y forros pacifistas"... Atualmente, construir uma perspectiva crítica, de esquerda, emancipatória (revolucionária, para dizer em uma palavra) passa por assimilar uma cultura que, dentre outras peculiaridades de um contexto contrarrevolucionário, relegou ao esquecimento figuras como Carlos Marighella. Nem desqualificação, nem ataques extemporâneos, a segunda morte de um revolucionário é operada apagando-se a sua memória. Não se conhece seu pensamento nem sua trajetória, não se menciona como uma referência...

Felizmente, me formei em um ambiente diferenciado nesse (e em muitos outros) aspecto. Nas discussões daquele pequeno círculo brancaleônico que a partir de algum momento colocou-se como tarefa trabalhar pela revolução continental, aprendemos a admirar, reconhecer, assimilar esse mulato baiano que não foi domesticado pelas diretrizes cinzentas do stalinismo e, quando chegou a "hora dos fornos", não vacilou em enfrentar a situação na radicalidade em que se colocava. Rompeu com o burocratismo do Partidão e propôs uma forma organizativa baseada no princípio da ação revolucionária para fazer frente à ditadura implantada pelos gorilas em 1964. Buscava a um tempo dar a resposta urgente que o momento exigia, aglutinando distintos setores da resistência (estudantes, operários, camponeses, padres, artistas etc.)


Mas entendeu que a resistência só seria vitoriosa se apontasse para uma saída revolucionária. Uma revolução socialista no Brasil, com desenlace continental. Uma avaliação que demonstra sua consistência quando se analisa a evolução política do país após os 20 anos de dominação ditatorial, a transição negociada e a frágil sustentação da "democracia", sobre o pacto entre os herdeiros dos gorilas e os que se acomodaram ao esquema de conciliação pelo alto que perpetua as desigualdades históricas que nos constituíram como nação (concentração de terras, Estado autoritário, dominação policialesca, clientelismo, miséria, racismo, exclusão etc.)


Aos nossos mortos, nem um minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!

COMANDANTE MARIGHELLA, PRESENTE!



Carlos, a face oculta de Marighella, é um livro necessário e oportuno. Necessário porque, nos tempos atuais a figura francamente altruísta do comunista Carlos Marighella precisa ser conhecida pelas novas gerações induzidas, quase sempre para o caminho do individualismo pragmático. E oportuno porque restabelece a realidade dos fatos contra a visão maniqueísta construída pela ideologia dominante, cujo papel consiste em fazer passar a todos a idéia de que os que se insurgem são desviantes, marginais ou simplesmente agitadores contumazes, desordeiros enfim.

Este livro repõe a figura exemplar desse combatente pelos direitos sociais das camadas populares. E manteve-se íntegro o tempo inteiro de sua vida dedicada à causa da revolução, integridade que inclui o jeitão caloroso com que se relacionava com os outros, companheiros ou não de uma jornada marcada pelas adversidades, mas também por alegrias que sabia compartilhar com aqueles que se beneficiavam de sua amizade. E, o trazer essa face oculta, porque deliberadamente ocultada pela visão distorcida da ida na clandestinidade, esta visão preconceituosa, profundamente contrária ao seu espírito franco e generoso, o autor desfaz a imagem do político profissional como alguém destituído de sensibilidade para com os seus semelhantes. A ternura de que falava Che a propósito das tarefas de um revolucionário está plenamente presente nas atitudes de vida desse belo personagem tão bem biografado neste livro.


1 - Capa e sinopse do livro recém-lançado do historiador Edson Teixeira.


Seguem alguns eventos que se realizarão este mês. No blog comemorativo, além de umas imagens interessantes, um calendário mais completo.

I) Vídeo seguido de debate, hoje a partir das 16h30, na Escola de Serviço Social da UFF:


II) Programação variada, dos dias 2 a 6 e 14 deste mês, na Escola Nacional Florestan Fernandes:







III) CICLO DE PALESTRAS
"MARIGHELLA VIVE - UMA HOMENAGEM A ESTE GRANDE BRASILEIRO".
DEBATES E LANÇAMENTO DE LIVROS.

DIAS 11, 12 E 13 DE NOVEMBRO.

LOCAL: ASSOCIAÇÃO SHOLEM ALEICHEM (ASA) RUA São Clemente, 155 – BOTAFOGO -(próximo à estação do metrô BOTAFOGO) - RIO DE JANEIRO.
HORÁRIO: DAS 19h00min até 21h00min h.

INSCRIÇÕES GRATUITAS PELO EMAIL: cemobafluminense@terra.com.br

Ou na ASA, duas horas antes da abertura (dia 11/11 das 17h00min até 18h45minh). VAGAS LIMITADAS.

PROGRAMAÇÃO
11/11/09 - Quarta-feira – ESTADO, AUTORITARISMO E VIOLÊNCIA - JOÃO BATISTA DAMASCENO (MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA).

12/11/09 – Quinta-feira – O ATO INSTITUCIONAL Nº 5 e a REPRESSÃO - Professor RUBIN S. LEÃO
DE AQUINO (AUTOR DE LIVROS DE HISTÓRIA).

13/11/09 – Sexta-feira – "CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA" - EDSON TEIXEIRA – PROFESSOR E ESCRITOR e "MARIGHELLA E A ALN"
CARLOS
EUGÊNIO PAZ – SINDICALISTA E ESCRITOR.

VENHA E PARTICIPE!

Para se inscrever envie: Nome, endereço, profissão, endereço de e-mail. E aguarde a confirmação da sua inscrição.

Apoio: Associação Sholem Aleichem.

Coordenação: Centro de Memória Oral da Baixada Fluminense.

miércoles, 7 de enero de 2009

Os aspectos econômicos do ataque israelenese a Gaza, por Shir Hever

Um aspecto do colonialismo sionista e sua atual guerra de extermínio que eu ainda não tinha visto abordado em outro lugar. Segue em espanhol; mais na seção de Rebelión.

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La guerra de los túneles
Los aspectos económicos del ataque israelí a Gaza

Alternative Information Center (AIC)

Traducido para rebelión por LB


¿Guerra irracional?

Mientras el bombardeo masivo de la Franja de Gaza prosigue por segunda semana, los observadores pueden maravillarse ante la corta memoria de Israel y lo poco que los dirigentes israelíes han aprendido de la guerra de 2006 contra Hezbollah en el Líbano.

Desconcertados testigos especulan sobre cuál pueda ser la razón de la destrucción masiva que Israel causa en Gaza y de la muerte y sufrimiento que provoca. Ciertamente, no se trata de que las autoridades israelíes simplemente sean sádicas. Pero, ¿qué fin podrían conseguir estos ataques?

Desde una perspectiva militar el ataque tiene poco sentido, ya que incluso los mandos militares israelíes reconocen que es poco probable que con él se ponga fin a los disparos de cohetes contra Israel. Sin embargo, los dirigentes militares israelíes apoyan el ataque, porque de lo contrario serían tachados de poco profesionales y de cobardes. Además, la cúpula castrense israelí sale beneficiada de las operaciones militares masivas aunque no tengan éxito en conseguir objetivos a largo plazo, pues la victoria inmediata ayuda a aumentar el prestigio de los comandantes y les allana el camino para que puedan emprender la carrera política una vez concluida la militar.

Desde un punto de vista político las posibilidades de que el ataque israelí consiga derrocar a Hamas son escasas; incluso si los israelíes consiguieran eliminar mediante la violencia a la dirigencia de Hamas es poco probable que la población palestina de Gaza, así como la de Cisjordania, vuelva a apoyar a Fatah, pero sí que busque un liderazgo más radical comprometido con la lucha contra la ocupación israelí. Sin embargo, los ataques cuentan con el apoyo de la mayoría de la opinión pública judía israelí, que declara abiertamente su lealtad a sus líderes, persuadida de que si los "expertos" apoyan la operación entonces ésta debe de estar justificada. Ahora bien, desde una perspectiva económica, la situación es más complicada e interesante. Los medios de comunicación israelíes se han dedicado a difundir la especie, al día de hoy creída por la mayoría del público judío israelí, de que Israel ha estado enviando ayuda humanitaria a la Franja de Gaza. Utilizando una gran variedad de titulares de prensa tales como "Israel permitirá la entrada a Gaza a más camiones", los medios de comunicación han ayudado a ocultar el hecho de que los camiones los pagan las Naciones Unidas y los donantes internacionales, que Israel no concede ninguna ayuda a Gaza y que lo que en realidad ocurre es que Israel obtiene beneficios de esa ayuda.

Israel obtiene beneficios del cerco de Gaza

La continuada ocupación israelí de la Franja de Gaza no sigue ya el clásico esquema colonial. La mano de obra y los recursos palestinos ya no son explotados por empresas israelíes, lo cual no significa sin embargo que la explotación del pueblo palestino por parte de Israel haya terminado.

Israel encontró una forma de explotar a los palestinos cobrando un peaje a los esfuerzos de ayuda humanitaria con destino a Gaza (también a Cisjordania, pero de momento nos concentraremos solamente en al caso gazatí). La población de Gaza es la población del mundo que más depende de la ayuda humanitaria. Sin posibilidad de exportar e importar materias primas, sin la infraestructura necesaria para el desarrollo de la industria local, la Franja de Gaza es incapaz de generar suficientes ingresos a nivel local para sostener a su población y debe depender de la ayuda. El asedio israelí crea así las condiciones necesarias para el envío de ingentes cantidades de ayuda a Gaza.

Esta ayuda debe pasar a través de puertos y aeropuertos israelíes, donde las tasas de aduana(*) y las tarifas de almacenamiento y transporte acaban engordando las arcas de empresas israelíes. Las limitaciones impuestas por Israel al número de camiones autorizados a entrar en Gaza y los prolongados registros y controles por los que deben pasar las mercancías hacen que los costes de transporte y almacenamiento aumenten exponencialmente.

Gran parte de la ayuda llega en forma de productos (alimentos, piensos, gasolina, gas de cocina, medicamentos, etc) que proceden de empresas israelíes. De ese modo, estas empresas han sido capaces de encontrar un mercado cautivo en Gaza, cobrar por adelantado (puesto que los cheques de bancos de la Franja de Gaza no son aceptados en Israel) y aumentar sus ventas.

Lo que es más importante, esta ayuda se financia con moneda extranjera (principalmente euros), pero los productos proceden de empresas israelíes a las que hay que pagar en moneda israelí. El resultado es que ingentes cantidades de moneda extranjera se convierten en el Banco Central de Israel en shekels israelíes con el fin de financiar la ayuda, y el Banco Central de Israel consigue quedarse con la moneda extranjera.

En efecto, el asedio israelí de Gaza ha transformado la industria de la ayuda en una de las más grandes exportaciones israelíes: empresas que normalmente proporcionarían servicios domésticos se han convertido en fuente de divisas extranjeras, lo que contribuye a fortalecimiento general de la economía israelí y ha permitido eliminar el déficit de la balanza comercial israelí casi en su totalidad.

Los túneles y la guerra

El partido Hamas en Gaza supo poner algunas piedras en el engranaje de la maquinaria israelí de explotación. Cuando derribó la valla de Rafah a principios de 2008 y, posteriormente, al importar mercancías procedentes de Egipto a través de túneles subterráneos a fin de complementar la dieta de los asediados gazatíes, Hamas ha sido capaz de pasar de contrabando mercancías a la Franja de Gaza sin pagar aduanas a Israel. Las mercancías, que son adquiridas a comerciantes egipcios, se han convertido en un canal extraoficial de importación de bienes al espacio aduanero controlado por Israel, un canal por el que a Israel se escapan las divisas (ya que los gazatíes pagan a los comerciantes egipcios utilizando moneda israelí, que luego cambian por moneda extranjera del Banco Central de Israel). De hecho, la fuente de estos shekels utilizados por los palestinos gazatíes para importar productos era en su mayor parte la comunidad internacional. Esto se debe a que los funcionarios de la Autoridad Palestina siguieron recibiendo sus sueldos de la cuenta bancaria de la Autoridad Palestina en Ramallah, un presupuesto financiado en gran medida por la comunidad internacional. Gaza ha estado socavando el sistema israelí de succión de los beneficios procedendes de la ayuda internacional al tranformar el dinero de la ayuda en bienes de consumo libres de impuestos. Dado que Hamas no pagaba aduanas a Israel, la fuga de shekels afectó a la economía israelí más de lo que habría podido pensarse en función del (pequeño) volumen de las importaciones. La amenaza de que esta tendencia se convirtiera en permanente, y tal vez de que pudiera ampliarse a otras áreas de Cisjordania, ha causado una honda preocupación a los altos funcionarios del Banco Central de Israel. Eso podría explicar parcialmente por qué las élites económicas de Israel se han abstenido de criticar el ataque israelí contra Gaza, a pesar del daño económico que causa a la economía israelí.

Eventualmente, sin embargo, el bombardeo de Gaza, e incluso su invasión, podrá restringir el comercio a través de los túneles y reafirmar el control israelí sobre las fronteras económicas, pero no anular la carga económica que la ocupación supone para Israel, y la naturaleza a largo plazo insostenible de la las políticas de Israel.

(*) Israel está oficialmente obligada a transferir a la Autoridad Nacional Palestina las tasas aduaneras con las que grava los productos destinados a los Territorios Ocupados, pero raramente transfiere la totalidad de las sumas.

Fuente: http://www.alternativenews.org/news/english/war-of-the-tunnelseconomic-aspects-of-the-israeli-attack-on-gaza-20090105.html

viernes, 2 de enero de 2009

Tentar “ensinar uma lição ao Hamas” é fundamentalmente errado, por Tom Segev


Haaretz (em inglês), creio que o principal jornal israelense, é uma fonte importante para acompanhar o massacre do povo palestino. Como uma linha que se pode classificar de algo como "liberal humanista", naturalmente reproduz muitas posturas de apoio à ação do exército israelense. Mas também traz diversos artigos críticos e notícias que demonstram as contradições e interesses que movimentam a máquina de guerra sionista.


Tom Segev é um historiador israelense, daquela corrente que disseca os mitos fundadores do Estado de Israel (que se fundamentam nos dogmas do judaísmo, não nos esqueçamos). Aqui, uma entrevista dele à revista época em outro contexto, da qual destaco dois trechos.


Sobre a condição a que está submetido o povo palestino e suas motivações:


"O grande erro que a maioria comete é não perceber que os palestinos não ganharam nada com os acordos de Oslo. Para muitos deles, a situação ficou pior. Surgiram novos bloqueios, tornando muito mais difícil entrar em Israel e conseguir trabalho. Em segundo lugar, os palestinos foram deixados sob uma administração corrupta e ineficiente, chefiada por Arafat. Os assentamentos foram expandidos, mais terra foi tirada dos palestinos. Ficou fácil para eles se desesperarem, e é por isso que surgem tantos terroristas suicidas. Eles não vêem futuro."


Sobre a possibilidade de uma normalização da sociedade israelense:


"Estávamos a caminho disso. Eu estava muito otimista com a perspectiva de Israel se tornar uma democracia multicultural. Estávamos no rumo de um período pós-sionista, não-ideológico de nosso desenvolvimento. A violência dos últimos 19 meses nos empurrou para trás, para um tipo de familiaridade tribal, o sentimento de ser um povo sitiado, cercado por inimigos."






El Roto
. Publicada no El País - 30 - 12- 2008,

Reproduzida em O Caderno de Saramago


Agora sim, o texto publicado recentemente em Haaretz:

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Tradução para o português retirada de

http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=48957


Sábado pela manhã, o Channel 1 da televisão israelense fez uma misturada interessante: os correspondentes falavam de Sderot e Ashkelon, mas as imagens que se viam na tela eram imagens da Faixa de Gaza. Provavelmente sem querer, acabaram por veicular a mensagem correta: uma criança em Sderot é igual a uma criança em Gaza, e seja quem for que a fira ou mate comete sempre o mesmo crime.

O assalto a Gaza exige sempre, em primeiro lugar, condenação moral – mas merece também avaliação histórica. Tanto as justificativas para o ataque a Gaza quanto os alvos escolhidos são replay das mesmas idéias que repetidamente se têm mostrado erradas, guerra após guerra. Pois Israel continua a tirá-las da cartola, sempre, guerra após guerra.


Israel está matando palestinos, para "dar-lhes uma lição". É idéia que acompanha a empreitada sionista desde o primeiro dia: 'nós' representaríamos o progresso e as luzes, a racionalidade e a moralidade de escol; os árabes seriam gente primitiva, violenta, escória que teria de ser educada e receber lições da 'nossa' sabedoria – mediante, claro, táticas de cenoura-e-chicote, como se faz para fazer andar o burro.


O bombardeio de Gaza visa também, supostamente, a "liquidar o regime do Hamás", outra idéia que acompanha o movimento sionista desde o primeiro dia: a idéia de que seria possível impor uma liderança "moderada" na Palestina, uma liderança que esqueceria todas suas aspirações nacionais.


Como corolário, Israel também sempre acreditou que causar sofrimento aos palestinos os levaria a levantar-se contra seus líderes nacionais. Isso já foi tentado várias vezes e fracassou sempre que foi tentado.


Todas as guerras de Israel basearam-se também em outra pressuposição sionista, que acompanha Israel desde o início: que em todos os casos, Israel só se defende. "Meio milhão de israelenses estão sob fogo", urrava a manchete da edição de domingo do Yedioth Ahronoth – como se a Faixa de Gaza não enfrentasse bloqueio e sítio terríveis, muito longos, que já destruíram as chances de várias gerações de palestinos viverem vida que valha a pena viver.


É reconhecidamente impossível viver sob fogo diário, ainda que não haja lugar no mundo que viva em situação de terror-zero. Mas o Hamás não é a organização terrorista que aprisionou toda a população de Gaza: é um movimento religioso nacionalista, e a maioria dos habitantes de Gaza crêem nesse ideário. Pode-se, é claro, discordar, e, às vésperas de eleições para o Parlamento, esse ataque pode, até, levar a algum tipo de acordo de cessar-fogo. Mas há outra verdade histórica que não se pode esquecer: desde o primeiro momento da presença dos sionistas em Israel, nenhuma operação militar jamais fez avançar qualquer diálogo com os palestinenses.


O mais perigoso, dentre todos os clichês que Israel repete, é o clichê que diz que não há parceiros para discutir a paz. Isso jamais foi verdade. Há muitos meios pelos quais conversar com o Hamás, e Israel tem algo a oferecer que interessa a eles. Pôr fim ao bloqueio de Gaza e permitir livre movimentação entre Gaza e a Cisjordânia tornaria outra vez possível a vida na Faixa.


Ao mesmo tempo, vale a pena tirar da gaveta os velhos planos preparados depois da Guerra dos Seis Dias, que previa que milhares de famílias fossem realocadas, da Faixa de Gaza para a Cisjordânia. Aqueles planos jamais foram implementados, porque se decidiu que a Cisjordânia seria usada pelos colonos judeus. Esse foi o mais estúpido de todos os erros.


Fonte: Haaretz, Telavive, 29/12/2008, Traduzido por Caia Fittipaldi.

(http://www.haaretz.com/hasen/spages/1050706.html)

Se nos resta apenas gritar...

O futuro é uma câmara de gás
Fred 04

Depois de mais um período de silêncio prolongado, o que é natural pela falta de tempo ou de motivação cotidiana e sem maior importância quando ainda estamos nessa fase de monólogo, as explosões que reverberam pelo mundo tornam inadmissível o silêncio. E, se no momento que vivemos as possibilidades de ação e as perspectivas de um mundo melhor encontram-se bloqueadas, que ao menos levantemos a voz de indignação, ainda que não nos deem ouvidos ao que nos chamem de loucos, terroristas ou intolerantes...

Retomo as publicações no blog neste início de ano sem mensagenzinha babaca de prosperidade e paz. Esta ano não vai ser melhor que aquele que passou. Pois as nuvens se acumulam no horizonte e as tempestades estão apenas começando; os avisos de incêndio foram dados e eu me recuso a chafurdar pateticamente em frente à televisão.

Então, que este pequeno espaço sustente ao menos um grito (ou um gemido) de rebeldia e indignação ante a bestialidade e a perpetuação cotidiana do genocídio. Não me iludo que com isso esteja "fazendo a minha parte", não se trata de aliviar minha consciência, sei que isso não diminuirá o sentimento de impotência que impera. Apenas faço.




viernes, 14 de noviembre de 2008

Lenin, de três!

Acho que era esse o nome de uma comunidade daquele famoso "site de relacionamentos", na qual me inscrevi apenas por sua irreverencia tipicamente grouchomarxista, até que encontrei este petardo ensaístico que deu um sentido teórico-político bem criativo e instigante para a foto ao lado.

O garoto é bom, fui buscar algo sobre ele a partir de um texto que tá fazendo minha cabeça aqui, no qual ele colabora com outros amigos na sistematização de uma polêmica com Walter Mignolo e suas reflexões sobre colonialidade, descolonização, giros epistêmicos e otras cositas más...

Então, levantando outros textos dele (Pablo Turrión), caí no blog, já incorporado à lista de favoritos e que certamente vale uma conferida. O cara parte do embate entre Espanha e Estados Unidos na final das olimpíadas para construir uma metáfora teórica à la Zizek sobre a luta de classes no contexto do sistema-mundo, estabelecendo uma analogia entre a "roja" (seleção espanhola de basquete) e a perspectiva de organização revolucionária num contexto adverso. Daí a constatação de que Lenin tenha sido o MVP dessa final.

Aliás, deve ser meio difícil encontrar muitos loucos que mantenham interesses comuns quanto aos debates sobre sistema-mundo, luta de classes, colonialidade e basquete e, principalmente, que se aventure a juntar tudo isso numa reflexão. Só isso já vale a referência. Mas, se os leitores incautos que caíram aqui não circulam por todas essas áreas ao mesmo tempo e a dica do texto parece algo por demais específico, fica a salada de menções para que se tire o que lhe aprouver. Afinal, esse post já bate um recorde de maior número de referências num espaço mais exíguo. Só espero que renda pelo menos uma partidinha com o mano Pablo em alguma quebrada dessas...







Marx, nosso ideólogo...


jueves, 6 de noviembre de 2008

Triunfos de Caliban

Depois de tanto texto, alguns registros em imagens de "momentos Caliban". Dispensam maiores comentários:

1) Zapata e Villa entram na cidade do México (com mais de 60 mil camponeses e peões). Dezembro, 1914.



2) Banquete da Convenção Revolucionária. Outubro ou Dezembro, 1914.



Mais vídeos da revolução mexicana aqui.

3) Barbudos entram em Havana. Janeiro, 1959.



4) "CASTRO TRIUNFA: a multidão em Havana comemora o sucesso da revolução" Universal International News, 5 de Janeiro de 1959.



"Um novo líder entra em cena: Fidel Castro. Em muitos sentidos, um desconhecido, mas que certamente será predominante na nova era de Cuba, que acaba de começar."


5) Sandinistas entram em Managua. 19 e 20 de julho de 1979. O povo festeja, as prisões são abertas, as câmaras de tortura destruídas...

martes, 4 de noviembre de 2008

Notas sobre Caliban

Retamar, Roberto Fernandez. Todo Caliban. La Habana: Fondo Cultural del ALBA, 2006.

Obs: Seguem alguns comentários ao texto indicado abaixo. São trechos de um fichamento, que obviamente não coloco inteiro aqui, pois ficaria intragável... A edição que utilizo é diferente da que está disponível on-line.

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Parte 1: Una pregunta

[Colocação da questão]

O poeta cubano constrói neste brilhante ensaio[1] o conceito-metáfora “calibanesco” (Caliban – Canibal) como eixo de um programa descolonizador. O texto se destaca além da sua força teórico-política de um bom manifesto, pela riqueza de referências a fontes de cultura latino-americanas. Pensamento sobre América desde Nuestra América.

Sua reflexão parte de uma indagação feita por um jornalista europeu quanto à existência de uma cultura latino-americana.[2] Para Retamar, esse questionamento revelava uma raiz da polêmica em torno ao processo cubano que dividia naquele momento a intelectualidade européia com “visível nostalgia colonialista” e os representantes mais importantes dos escritores e artistas latino-americanos que se insurgiam contra “as formas abertas ou veladas de colonização cultural e política”. Perguntar sobre a existência de uma cultura era como questionar “nuestra própia existencia, nuestra realidad humana misma, y portanto tomar partido en favor de nuestra irremediable condición colonial, ya que se sospecha que no seríamos sino eco desfigurado de lo que sucede en otra parte”. (p.11)

Pode-se dizer que a postura criticada, longe de ser uma expressão conjuntural, revela uma maneira recorrente e mesmo predominante de ler a nossa condição, presente à esquerda e à direita. RFR vê aí um fato comum aos países que emergem do colonialismo, mas que se expressa com uma crueza singular em “nuestra América mestiza”.

Problema da identidade. Mestiçagem é acidental e marginal em África e Ásia, mas é a essência e a linha central para nós, “nossa América mestiça”. Percepção de Martí e Bolívar. [Ver Darcy Ribeiro]. José Vasconcelos “confuso, mas cheio de intuições” assinala aí o surgimento de uma raça cósmica.

Confusão à raiz desse fato. Seria deveras inusitado confundir um vietnamita com um italiano; um coreano com um inglês, como dificilmente ocorreria a alguém questionar sua existência. Por outro lado, há uma tendência a tomar os latino-americanos como aprendizes, como rascunhos ou como “desvalidas cópias dos europeus [...] assim como a nossa cultura toda se toma como uma aprendizagem, um rascunho ou uma cópia da cultura burguesa européia”. (p. 14) [Ver tipologia de Huntington para “civilizações” atuais, América Latina aparece como sub-civilização]. Língua é um elemento que aumenta a confusão, pois nosso idioma principal continua sendo o do colonizador. Nossa contestação ao colonizador se dá na língua dele! “de que otra manera puedo hacerlo, sino en una de sus lenguas, que es ya también nuestra lengua, y con tantos de sus instrumentos conceptuales, que también son ya nuestros instrumentos conceptuales?”. Essa condição paradóxica, aparece no “grito extraordinário” de Shakespeare, com o deforme Caliban que, despojado por Próspero de sua ilha, escravizado e educado na língua do conquistador, lhe desfia:

You taught me language; and my profit on’t

Is, I know to curse;

the red plague rid you

For learning me your language!

[A língua me ensinastes; e meu ganho nisso

É saber maldizer;

Que a praga vermelha caia sobre vós

Por me fazeres aprender vossa linguagem!]


(William Shakespeare A tempestade, ato I, cena 2)

Parte 2: Para la historia de Caliban

[O conceito-metáfora]

Etimologia bastante significativa (p.15-19): Caliban é anagrama de “canibal”, cuja pronúncia é derivada de “caribe”, povo que deu origem à toponímia e se caracterizou pela resistência heróica à invasão. Sentido pejorativo da palavra canibal contrasta com relato do selvagem dócil (arauco/taíno), que inspira a Utopia de Morus. Ambas imagens portanto surgem como “opções do arsenal ideológico da enérgica burguesia nascente”, à direita e esquerda. (p. 17-18) Curioso é que Montaigne, um utópico, é a provável fonte para o deformado Caliban. “Shakespeare verifica, pues, que ambas maneras de considerar lo americano, lejos de ser opuestas, eran perfectamente conciliables”. (p. 20)

Revisão de algumas leituras da obra.

George Lamming, de Barbados, é o primeiro escritor latinoamericano (e caribenho) a assumir a identificação direta com Caliban (1960) e a partir de então, ganha força essa leitura da obra de Shakespeare. (p. 29)

1969: Aimé Césaire (Martinica), Edward Kamau Brathwaite (Barbados) RFRetamar, três antilhanos, nas três línguas coloniais do Caribe, coincidem em reivindicar Caliban. (p. 30-31)

Parte 3: Nuestro Símbolo

[Reivindicação de Caliban]

Nuestro símbolo no es pues Ariel, como pensó Rodó, sino Caliban. Esto es algo que vemos con particular nitidez los mestizos que habitamos estas mismas islas donde vivió Caliban: Próspero invadió las islas, mató a nuestros ancestros, esclavizó a Caliban y le enseñó su idioma para entenderse con él: ¿Qué otra cosa puede hacer Caliban sino utilizar ese mismo idioma para maldecir, para desear que caiga sobre él la «roja plaga»? No conozco otra metáfora más acertada de nuestra situación cultural, de nuestra realidad. De Tupac Amaru, [... a] Roque Dalton, Guillermo Bonfil, Glauber Rocha o Leo Brouwer, ¿qué es nuestra historia, qué es nuestra cultura, sino la historia, sino la cultura de Caliban? (p. 31-32)

Reconhece importância e influência de Rodó, não obstante imprecisão de seu Ariel. (p. 33-36)

Problema do nome (latino, ibero, indo-americano), tensão identitária ainda hoje irresoluta.

“Asumir nuestra condición de Caliban implica repensar nuestra historia desde el otro lado, desde el otro protagonista”. (37) E a polarização em A Tempestade não é entre Ariel (intelectual da ilha colonizado) e Caliban (“rude e inconquistável dono da ilha”), mas entre Caliban [bárbaro] e Próspero [colonizador].

Parte 4: Otra vez Martí

Retamar faz uma defesa apaixonada de José Martí como precursor dessa “concepção de nossa cultura”. Situar essa defesa na construção da identidade entre a revolução e o projeto martiano de libertação nacional. Fidel considera Martí o mentor intelectual do assalto ao Moncada.

RFR recorda a sorte editorial de Martí, para registrar que “es ahora, después del triunfo de la Revolución Cubana, y gracias a ella, que Martí está siendo ‘redescubierto y revalorado’”. (39)

Inspiração em Martí transcende tradição cultural cubana, fundamenta uma cultura latino-americana de libertação (descolonização): “Para ser consecuentes con nuestra actitud anticolonialista, tenemos que volvernos efectivamente a los hombre y mujeres nuestros que en su conducta y en su pensamiento han encarnado e iluminado esta actitud. Y en este sentido, ningún ejemplo más útil que el de Martí.” (p. 40-41)

Configura uma visão “calibanesca” de nossa cultura., reivindicando o autóctone. (p. 45) Também expressa dificuldade de nomear, “definir conceitualmente” o continente, chegando enfim à “modesta fórmula descritiva” – Nossa América – que abarca as contraditórias e conflitivas comunidades que ocupam o território do Rio Bravo à Patagônia, distinguindo-nos da “América européia”. Tal concepção, dispersa por sua obra aparece sintetizada no artigo-manifesto que leva esse nome com que batiza o continente.

Prevalência da realidade americana sobre importação de teorias, diz Martí: “El mestizo autêntico ha vencido al criollo exótico”. (p.45)

RFR destaca em Martí todo um programa anticolonialista, não apenas contra o sistema de dominação remanescente em Cuba no final do século XIX, mas contra o colonialismo cultural – que não é dissociado de sua dimensão política – reproduzido pelas elites criollas pós-independências. Para usar os termos atuais do debate, trata-se de um projeto antagônico à colonialidade do poder, que se torna a base do “nacional-popular” construído pela revolução.

Parte 5: Vida verdadera de un dilema falso

[José Martí x Domingo Faustino Sarmiento]

Nesta parte, RFR analiza comparativamente o intelectual cubano e o argentino, rechaçando energicamente as leituras que os colocam em pé de igualdade, como construtores da identidade nacional. O fundamental de sua crítica: Martí representa a matriz de um projeto “nacional-popular”, mestiço e autóctone; Sarmiento é o esforço de civilização europeizante de uma proto-burguesia que tenta se firmar por cima das classes populares (ver citas abaixo, na parte referente a Borges).

Dialética do elogio da barbárie (naturalmente fadado a ser incompreendido):

“Martí, al echarse del lado de la ‘barbarie’

prefigura a Fanon y a nuestra revolucion”

Destaca-se aí aguda observação de Martí sobre como a situação colonial reduz a condição humana (antecipação de Frantz Fanon {Francês/Inglês}):

“¡De toda aquella grandeza apenas quedan en el museo unos cuantos vasos de oro, unas piedras como yugo, de obsidiana pulida, y uno que otro anillo labrado! Tenochtitlán no existe. No existe Tulan, la ciudad de la gran feria. No existe Texcuco, el pueblo de los palacios. Los indios de ahora, al pasar por delante de las ruinas, bajan la cabeza, mueven los labios como si dijesen algo, y mientras las ruinas no les quedan detrás, no se ponen el sombrero.” (50)

Parte 6: Del mundo libre

[Contra Borges]

Nessa parte, Retamar faz um ácido balanço crítico do escritos argentino. Esse é um dos pontos posteriormente matizados pelo autor, que aqui aparece com a virulência dos debates revolucionários e posteriormente retifica sua postura no que se refere ao reconhecimento da obra de Borges.

Está claro que sua crítica a Borges é uma extensão da que faz a Sarmiento, como protótipos de Ariel prestando seus tributos ininterruptos ao colonizador.

Patéticamente fiel a su clase, iba a ser otro el Borges que se conocería, que se difundiría, que sabría de la gloria oficial y de los casi incontables premios, algunos de los cuales, de puro desconocidos, más bien parecen premiados por él. El Borges sobre el cual se habla, y al cual voy a dedicar unas líneas, es el que hace eco al grotesco «pertenecemos al Imperio Romano» de Sarmiento, con esta declaración no de 1926 sino de 1955: «creo que nuestra tradición es Europa». (p. 55)

Os exemplos eleitos por RFR, bem como sua abordagem, sem dúvida estão estreitamente relacionados com o debate do processo cubano.

El diálogo al que asistimos entre Sarmiento y Martí era, sobre todo, un enfrentamiento clasista.

Independientemente de su origen, Sarmiento es el implacable ideólogo de una burguesía argentina que intenta trasladar los esquemas de burguesias metropolitanas, concretamente la estadunidense, a su país. (p. 56)

Martí – “porta-voz consciente das classes exploradas” – continuado por Mella y Vallejo, Fidel y Che.

Sarmiento – “o mais ativo, o mais consequente dos ideólogos burgueses do continente no século XIX” (56)

A pesar de su complejidad, finalmente lo heredan los representantes de la viceburguesía argentina, derrotada por añadidura. Pues aquel sueño de desarrollo burgués que concibió Sarmiento, ni siquiera era realizable: no había desarrollo para una eventual burguesía argentina. La América Latina había llegado tarde a esa fiesta. (57)

Aí está a relação direta Sarmiento – Borges:

A esta luz se ve con más claridad el vínculo entre Sarmiento, cuyo nombre está enlazado a vastos proyectos pedagógicos, a espacios inmensos, a vías férreas, a barcos, y Borges, cuya mención evoca espejos que repiten la misma desdichada imagen, laberintos sin solución, una triste biblioteca a oscuras. Por lo demás, si se le reconoce americanidad a Sarmiento —lo que es evidente, y no significa que represente el polo positivo de esa americanidad—, nunca he podido entender por qué se le niega a Borges: Borges es un típico escritor colonial, representante entre nosotros de una clase ya sin fuerza, cuyo acto de escritura —como él sabe bien, pues es de una endiablada inteligencia— se parece más a un acto de lectura. Borges no es un escritor europeo: no hay ningún escritor europeo como Borges; pero hay muchos escritores europeos, desde Islandia hasta el expresionismo alemán, que Borges ha leído, barajado, confrontado. Los escritores europeos pertenecen a tradiciones muy concretas y provincianas, llegándose al caso de un Péguy, quien se jactaba de no haber leído más que autores franceses. Fuera de algunos profesores de filología que reciben un salario por ello, no hay más que un tipo de ser humano que conozca de veras, en su conjunto, la literatura europea: el colonial. Sólo en caso de demencia puede un escritor argentino culto jactarse de no haber leído más que autores argentinos —o escritores de lengua española—. Y Borges no es un demente. Es, por el contrario, un hombre muy lúcido, un hombre que ejemplifica la idea martiana de que la inteligencia es sólo una parte del hombre, y no la mejor. (p. 58)


Segue-se polêmica com interpretação do romance latino-americano por Carlos Fuentes, cuja virada direitista data da 2ª Declaração de Havana. (p. 60-70)


Parte 7: El porvenir amenzado

[Uma cultura latino-americana universal]

RFR contrapõe o compromisso de Ariel com Próspero:

En todos estos casos, con ligeras variantes, es claro que la América Latina no existe sino, a lo más, como una resistencia que es menester vencer para implantar sobre ella la verdadera cultura... (p. 70)

À emergência de uma “genuína cultura”, gestada pelo povo mestiço através de Bolívar, Artigas, Martí, Zapata, Recabarren, Jesús Menendez...

A essa cultura, RFR reivindica com Alfonso Reyes um estatuto universal. (p. 72) De 1780 a 1970 (passando, é claro por 1959), indica as datas de construção dessa cultura:

Fechas así, para una mirada superficial, podría parecer que no tienen relación muy directa con nuestra cultura. Y en realidad es todo lo contrario: nuestra cultura es —y sólo puede ser— hija de la revolución, de nuestro multisecular rechazo a todos los colonialismos; nuestra cultura, al igual que toda cultura, requiere como primera condición nuestra propia existencia. (73)

Parte 8: ¿Y Ariel, ahora?

[O dilema dos intelectuais latino-americanos]

RFR encerra um ensaio com uma reflexão não apenas sobre os intelectuais e a revolução, mas sobre a questão da cultura no processo de transição revolucionária, reivindicando aí um caminho independente dos modelos estabelecidos.

Para comprender mejor tanto las metas como los caracteres específicos de nuestra transformación cultural en marcha, es útil confrontarla con procesos similares en otros países socialistas. El hacer que todo un pueblo que vivió explotado y analfabeto acceda a los más altos niveles del saber y de la creación, es uno de los pasos más hermosos de una revolucion. (83)

Conclui com a reivindicação que faz Che, análoga à de Martí, para que a “universidade européia” ceda o passo à “universidade americana”, ou seja, que Ariel “solicite a Caliban o privilégio de um posto em suas filas revoltas e gloriosas.” (p. 85)


[1] “As passagens da filosofia à sociologia, da ciência política à história, da antropologia à comunicação, da sociologia à literatura, não são casos de excepcionalidade, mas constituem quase que uma regra do campo universitário. Talvez por isso o ensaio, como forma de apreensão da realidade, sobretudo na tradição latino-americana hispânica, tenha sobrevivido ao processo de formalização disciplinar. Pois é de sua natureza desrespeitar a formalidade dos limites estabelecidos.” Renato Ortiz

[2] Notar a apropriação do termo “latinoamericano” com forte conotação política, provavelmente nesse momento se lhe atribua o sentido antiimperialista que conhecemos.