viernes, 14 de noviembre de 2008

Lenin, de três!

Acho que era esse o nome de uma comunidade daquele famoso "site de relacionamentos", na qual me inscrevi apenas por sua irreverencia tipicamente grouchomarxista, até que encontrei este petardo ensaístico que deu um sentido teórico-político bem criativo e instigante para a foto ao lado.

O garoto é bom, fui buscar algo sobre ele a partir de um texto que tá fazendo minha cabeça aqui, no qual ele colabora com outros amigos na sistematização de uma polêmica com Walter Mignolo e suas reflexões sobre colonialidade, descolonização, giros epistêmicos e otras cositas más...

Então, levantando outros textos dele (Pablo Turrión), caí no blog, já incorporado à lista de favoritos e que certamente vale uma conferida. O cara parte do embate entre Espanha e Estados Unidos na final das olimpíadas para construir uma metáfora teórica à la Zizek sobre a luta de classes no contexto do sistema-mundo, estabelecendo uma analogia entre a "roja" (seleção espanhola de basquete) e a perspectiva de organização revolucionária num contexto adverso. Daí a constatação de que Lenin tenha sido o MVP dessa final.

Aliás, deve ser meio difícil encontrar muitos loucos que mantenham interesses comuns quanto aos debates sobre sistema-mundo, luta de classes, colonialidade e basquete e, principalmente, que se aventure a juntar tudo isso numa reflexão. Só isso já vale a referência. Mas, se os leitores incautos que caíram aqui não circulam por todas essas áreas ao mesmo tempo e a dica do texto parece algo por demais específico, fica a salada de menções para que se tire o que lhe aprouver. Afinal, esse post já bate um recorde de maior número de referências num espaço mais exíguo. Só espero que renda pelo menos uma partidinha com o mano Pablo em alguma quebrada dessas...







Marx, nosso ideólogo...


jueves, 6 de noviembre de 2008

Triunfos de Caliban

Depois de tanto texto, alguns registros em imagens de "momentos Caliban". Dispensam maiores comentários:

1) Zapata e Villa entram na cidade do México (com mais de 60 mil camponeses e peões). Dezembro, 1914.



2) Banquete da Convenção Revolucionária. Outubro ou Dezembro, 1914.



Mais vídeos da revolução mexicana aqui.

3) Barbudos entram em Havana. Janeiro, 1959.



4) "CASTRO TRIUNFA: a multidão em Havana comemora o sucesso da revolução" Universal International News, 5 de Janeiro de 1959.



"Um novo líder entra em cena: Fidel Castro. Em muitos sentidos, um desconhecido, mas que certamente será predominante na nova era de Cuba, que acaba de começar."


5) Sandinistas entram em Managua. 19 e 20 de julho de 1979. O povo festeja, as prisões são abertas, as câmaras de tortura destruídas...

martes, 4 de noviembre de 2008

Notas sobre Caliban

Retamar, Roberto Fernandez. Todo Caliban. La Habana: Fondo Cultural del ALBA, 2006.

Obs: Seguem alguns comentários ao texto indicado abaixo. São trechos de um fichamento, que obviamente não coloco inteiro aqui, pois ficaria intragável... A edição que utilizo é diferente da que está disponível on-line.

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Parte 1: Una pregunta

[Colocação da questão]

O poeta cubano constrói neste brilhante ensaio[1] o conceito-metáfora “calibanesco” (Caliban – Canibal) como eixo de um programa descolonizador. O texto se destaca além da sua força teórico-política de um bom manifesto, pela riqueza de referências a fontes de cultura latino-americanas. Pensamento sobre América desde Nuestra América.

Sua reflexão parte de uma indagação feita por um jornalista europeu quanto à existência de uma cultura latino-americana.[2] Para Retamar, esse questionamento revelava uma raiz da polêmica em torno ao processo cubano que dividia naquele momento a intelectualidade européia com “visível nostalgia colonialista” e os representantes mais importantes dos escritores e artistas latino-americanos que se insurgiam contra “as formas abertas ou veladas de colonização cultural e política”. Perguntar sobre a existência de uma cultura era como questionar “nuestra própia existencia, nuestra realidad humana misma, y portanto tomar partido en favor de nuestra irremediable condición colonial, ya que se sospecha que no seríamos sino eco desfigurado de lo que sucede en otra parte”. (p.11)

Pode-se dizer que a postura criticada, longe de ser uma expressão conjuntural, revela uma maneira recorrente e mesmo predominante de ler a nossa condição, presente à esquerda e à direita. RFR vê aí um fato comum aos países que emergem do colonialismo, mas que se expressa com uma crueza singular em “nuestra América mestiza”.

Problema da identidade. Mestiçagem é acidental e marginal em África e Ásia, mas é a essência e a linha central para nós, “nossa América mestiça”. Percepção de Martí e Bolívar. [Ver Darcy Ribeiro]. José Vasconcelos “confuso, mas cheio de intuições” assinala aí o surgimento de uma raça cósmica.

Confusão à raiz desse fato. Seria deveras inusitado confundir um vietnamita com um italiano; um coreano com um inglês, como dificilmente ocorreria a alguém questionar sua existência. Por outro lado, há uma tendência a tomar os latino-americanos como aprendizes, como rascunhos ou como “desvalidas cópias dos europeus [...] assim como a nossa cultura toda se toma como uma aprendizagem, um rascunho ou uma cópia da cultura burguesa européia”. (p. 14) [Ver tipologia de Huntington para “civilizações” atuais, América Latina aparece como sub-civilização]. Língua é um elemento que aumenta a confusão, pois nosso idioma principal continua sendo o do colonizador. Nossa contestação ao colonizador se dá na língua dele! “de que otra manera puedo hacerlo, sino en una de sus lenguas, que es ya también nuestra lengua, y con tantos de sus instrumentos conceptuales, que también son ya nuestros instrumentos conceptuales?”. Essa condição paradóxica, aparece no “grito extraordinário” de Shakespeare, com o deforme Caliban que, despojado por Próspero de sua ilha, escravizado e educado na língua do conquistador, lhe desfia:

You taught me language; and my profit on’t

Is, I know to curse;

the red plague rid you

For learning me your language!

[A língua me ensinastes; e meu ganho nisso

É saber maldizer;

Que a praga vermelha caia sobre vós

Por me fazeres aprender vossa linguagem!]


(William Shakespeare A tempestade, ato I, cena 2)

Parte 2: Para la historia de Caliban

[O conceito-metáfora]

Etimologia bastante significativa (p.15-19): Caliban é anagrama de “canibal”, cuja pronúncia é derivada de “caribe”, povo que deu origem à toponímia e se caracterizou pela resistência heróica à invasão. Sentido pejorativo da palavra canibal contrasta com relato do selvagem dócil (arauco/taíno), que inspira a Utopia de Morus. Ambas imagens portanto surgem como “opções do arsenal ideológico da enérgica burguesia nascente”, à direita e esquerda. (p. 17-18) Curioso é que Montaigne, um utópico, é a provável fonte para o deformado Caliban. “Shakespeare verifica, pues, que ambas maneras de considerar lo americano, lejos de ser opuestas, eran perfectamente conciliables”. (p. 20)

Revisão de algumas leituras da obra.

George Lamming, de Barbados, é o primeiro escritor latinoamericano (e caribenho) a assumir a identificação direta com Caliban (1960) e a partir de então, ganha força essa leitura da obra de Shakespeare. (p. 29)

1969: Aimé Césaire (Martinica), Edward Kamau Brathwaite (Barbados) RFRetamar, três antilhanos, nas três línguas coloniais do Caribe, coincidem em reivindicar Caliban. (p. 30-31)

Parte 3: Nuestro Símbolo

[Reivindicação de Caliban]

Nuestro símbolo no es pues Ariel, como pensó Rodó, sino Caliban. Esto es algo que vemos con particular nitidez los mestizos que habitamos estas mismas islas donde vivió Caliban: Próspero invadió las islas, mató a nuestros ancestros, esclavizó a Caliban y le enseñó su idioma para entenderse con él: ¿Qué otra cosa puede hacer Caliban sino utilizar ese mismo idioma para maldecir, para desear que caiga sobre él la «roja plaga»? No conozco otra metáfora más acertada de nuestra situación cultural, de nuestra realidad. De Tupac Amaru, [... a] Roque Dalton, Guillermo Bonfil, Glauber Rocha o Leo Brouwer, ¿qué es nuestra historia, qué es nuestra cultura, sino la historia, sino la cultura de Caliban? (p. 31-32)

Reconhece importância e influência de Rodó, não obstante imprecisão de seu Ariel. (p. 33-36)

Problema do nome (latino, ibero, indo-americano), tensão identitária ainda hoje irresoluta.

“Asumir nuestra condición de Caliban implica repensar nuestra historia desde el otro lado, desde el otro protagonista”. (37) E a polarização em A Tempestade não é entre Ariel (intelectual da ilha colonizado) e Caliban (“rude e inconquistável dono da ilha”), mas entre Caliban [bárbaro] e Próspero [colonizador].

Parte 4: Otra vez Martí

Retamar faz uma defesa apaixonada de José Martí como precursor dessa “concepção de nossa cultura”. Situar essa defesa na construção da identidade entre a revolução e o projeto martiano de libertação nacional. Fidel considera Martí o mentor intelectual do assalto ao Moncada.

RFR recorda a sorte editorial de Martí, para registrar que “es ahora, después del triunfo de la Revolución Cubana, y gracias a ella, que Martí está siendo ‘redescubierto y revalorado’”. (39)

Inspiração em Martí transcende tradição cultural cubana, fundamenta uma cultura latino-americana de libertação (descolonização): “Para ser consecuentes con nuestra actitud anticolonialista, tenemos que volvernos efectivamente a los hombre y mujeres nuestros que en su conducta y en su pensamiento han encarnado e iluminado esta actitud. Y en este sentido, ningún ejemplo más útil que el de Martí.” (p. 40-41)

Configura uma visão “calibanesca” de nossa cultura., reivindicando o autóctone. (p. 45) Também expressa dificuldade de nomear, “definir conceitualmente” o continente, chegando enfim à “modesta fórmula descritiva” – Nossa América – que abarca as contraditórias e conflitivas comunidades que ocupam o território do Rio Bravo à Patagônia, distinguindo-nos da “América européia”. Tal concepção, dispersa por sua obra aparece sintetizada no artigo-manifesto que leva esse nome com que batiza o continente.

Prevalência da realidade americana sobre importação de teorias, diz Martí: “El mestizo autêntico ha vencido al criollo exótico”. (p.45)

RFR destaca em Martí todo um programa anticolonialista, não apenas contra o sistema de dominação remanescente em Cuba no final do século XIX, mas contra o colonialismo cultural – que não é dissociado de sua dimensão política – reproduzido pelas elites criollas pós-independências. Para usar os termos atuais do debate, trata-se de um projeto antagônico à colonialidade do poder, que se torna a base do “nacional-popular” construído pela revolução.

Parte 5: Vida verdadera de un dilema falso

[José Martí x Domingo Faustino Sarmiento]

Nesta parte, RFR analiza comparativamente o intelectual cubano e o argentino, rechaçando energicamente as leituras que os colocam em pé de igualdade, como construtores da identidade nacional. O fundamental de sua crítica: Martí representa a matriz de um projeto “nacional-popular”, mestiço e autóctone; Sarmiento é o esforço de civilização europeizante de uma proto-burguesia que tenta se firmar por cima das classes populares (ver citas abaixo, na parte referente a Borges).

Dialética do elogio da barbárie (naturalmente fadado a ser incompreendido):

“Martí, al echarse del lado de la ‘barbarie’

prefigura a Fanon y a nuestra revolucion”

Destaca-se aí aguda observação de Martí sobre como a situação colonial reduz a condição humana (antecipação de Frantz Fanon {Francês/Inglês}):

“¡De toda aquella grandeza apenas quedan en el museo unos cuantos vasos de oro, unas piedras como yugo, de obsidiana pulida, y uno que otro anillo labrado! Tenochtitlán no existe. No existe Tulan, la ciudad de la gran feria. No existe Texcuco, el pueblo de los palacios. Los indios de ahora, al pasar por delante de las ruinas, bajan la cabeza, mueven los labios como si dijesen algo, y mientras las ruinas no les quedan detrás, no se ponen el sombrero.” (50)

Parte 6: Del mundo libre

[Contra Borges]

Nessa parte, Retamar faz um ácido balanço crítico do escritos argentino. Esse é um dos pontos posteriormente matizados pelo autor, que aqui aparece com a virulência dos debates revolucionários e posteriormente retifica sua postura no que se refere ao reconhecimento da obra de Borges.

Está claro que sua crítica a Borges é uma extensão da que faz a Sarmiento, como protótipos de Ariel prestando seus tributos ininterruptos ao colonizador.

Patéticamente fiel a su clase, iba a ser otro el Borges que se conocería, que se difundiría, que sabría de la gloria oficial y de los casi incontables premios, algunos de los cuales, de puro desconocidos, más bien parecen premiados por él. El Borges sobre el cual se habla, y al cual voy a dedicar unas líneas, es el que hace eco al grotesco «pertenecemos al Imperio Romano» de Sarmiento, con esta declaración no de 1926 sino de 1955: «creo que nuestra tradición es Europa». (p. 55)

Os exemplos eleitos por RFR, bem como sua abordagem, sem dúvida estão estreitamente relacionados com o debate do processo cubano.

El diálogo al que asistimos entre Sarmiento y Martí era, sobre todo, un enfrentamiento clasista.

Independientemente de su origen, Sarmiento es el implacable ideólogo de una burguesía argentina que intenta trasladar los esquemas de burguesias metropolitanas, concretamente la estadunidense, a su país. (p. 56)

Martí – “porta-voz consciente das classes exploradas” – continuado por Mella y Vallejo, Fidel y Che.

Sarmiento – “o mais ativo, o mais consequente dos ideólogos burgueses do continente no século XIX” (56)

A pesar de su complejidad, finalmente lo heredan los representantes de la viceburguesía argentina, derrotada por añadidura. Pues aquel sueño de desarrollo burgués que concibió Sarmiento, ni siquiera era realizable: no había desarrollo para una eventual burguesía argentina. La América Latina había llegado tarde a esa fiesta. (57)

Aí está a relação direta Sarmiento – Borges:

A esta luz se ve con más claridad el vínculo entre Sarmiento, cuyo nombre está enlazado a vastos proyectos pedagógicos, a espacios inmensos, a vías férreas, a barcos, y Borges, cuya mención evoca espejos que repiten la misma desdichada imagen, laberintos sin solución, una triste biblioteca a oscuras. Por lo demás, si se le reconoce americanidad a Sarmiento —lo que es evidente, y no significa que represente el polo positivo de esa americanidad—, nunca he podido entender por qué se le niega a Borges: Borges es un típico escritor colonial, representante entre nosotros de una clase ya sin fuerza, cuyo acto de escritura —como él sabe bien, pues es de una endiablada inteligencia— se parece más a un acto de lectura. Borges no es un escritor europeo: no hay ningún escritor europeo como Borges; pero hay muchos escritores europeos, desde Islandia hasta el expresionismo alemán, que Borges ha leído, barajado, confrontado. Los escritores europeos pertenecen a tradiciones muy concretas y provincianas, llegándose al caso de un Péguy, quien se jactaba de no haber leído más que autores franceses. Fuera de algunos profesores de filología que reciben un salario por ello, no hay más que un tipo de ser humano que conozca de veras, en su conjunto, la literatura europea: el colonial. Sólo en caso de demencia puede un escritor argentino culto jactarse de no haber leído más que autores argentinos —o escritores de lengua española—. Y Borges no es un demente. Es, por el contrario, un hombre muy lúcido, un hombre que ejemplifica la idea martiana de que la inteligencia es sólo una parte del hombre, y no la mejor. (p. 58)


Segue-se polêmica com interpretação do romance latino-americano por Carlos Fuentes, cuja virada direitista data da 2ª Declaração de Havana. (p. 60-70)


Parte 7: El porvenir amenzado

[Uma cultura latino-americana universal]

RFR contrapõe o compromisso de Ariel com Próspero:

En todos estos casos, con ligeras variantes, es claro que la América Latina no existe sino, a lo más, como una resistencia que es menester vencer para implantar sobre ella la verdadera cultura... (p. 70)

À emergência de uma “genuína cultura”, gestada pelo povo mestiço através de Bolívar, Artigas, Martí, Zapata, Recabarren, Jesús Menendez...

A essa cultura, RFR reivindica com Alfonso Reyes um estatuto universal. (p. 72) De 1780 a 1970 (passando, é claro por 1959), indica as datas de construção dessa cultura:

Fechas así, para una mirada superficial, podría parecer que no tienen relación muy directa con nuestra cultura. Y en realidad es todo lo contrario: nuestra cultura es —y sólo puede ser— hija de la revolución, de nuestro multisecular rechazo a todos los colonialismos; nuestra cultura, al igual que toda cultura, requiere como primera condición nuestra propia existencia. (73)

Parte 8: ¿Y Ariel, ahora?

[O dilema dos intelectuais latino-americanos]

RFR encerra um ensaio com uma reflexão não apenas sobre os intelectuais e a revolução, mas sobre a questão da cultura no processo de transição revolucionária, reivindicando aí um caminho independente dos modelos estabelecidos.

Para comprender mejor tanto las metas como los caracteres específicos de nuestra transformación cultural en marcha, es útil confrontarla con procesos similares en otros países socialistas. El hacer que todo un pueblo que vivió explotado y analfabeto acceda a los más altos niveles del saber y de la creación, es uno de los pasos más hermosos de una revolucion. (83)

Conclui com a reivindicação que faz Che, análoga à de Martí, para que a “universidade européia” ceda o passo à “universidade americana”, ou seja, que Ariel “solicite a Caliban o privilégio de um posto em suas filas revoltas e gloriosas.” (p. 85)


[1] “As passagens da filosofia à sociologia, da ciência política à história, da antropologia à comunicação, da sociologia à literatura, não são casos de excepcionalidade, mas constituem quase que uma regra do campo universitário. Talvez por isso o ensaio, como forma de apreensão da realidade, sobretudo na tradição latino-americana hispânica, tenha sobrevivido ao processo de formalização disciplinar. Pois é de sua natureza desrespeitar a formalidade dos limites estabelecidos.” Renato Ortiz

[2] Notar a apropriação do termo “latinoamericano” com forte conotação política, provavelmente nesse momento se lhe atribua o sentido antiimperialista que conhecemos.

lunes, 3 de noviembre de 2008

Para 20/11


Se alguém quiser ousar chamar isso de poema, fique à vontade. Ficarei lisonjeado... Eu considero apenas uma enxurrada de idéias que me vieram à cabeça uns anos atrás quando vi que na mesma data morreram Zumbi (há mais de 300 anos) e Franco (há 30). A relação que consegui fazer foi essa.


PS.: Relendo, só posso dizer que como poeta não passo de um historiador medíocre... :-( Ainda assim, ouso publicar.


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20 de novembro de 2005

(ao som de mundo livre s/a – a banda que junta Jacob do Bandolim com Noam Chomsky)

Paris arde, Recife é demolida,

El Alto espera,

Madri queima, Catalunha recorda


Durruti e Zumbi, hoje é nosso dia

Dandara e Pasionaria, hoje é nosso dia

Dia de comemorar as vitórias do povo

Dia de celebrar a resistência

Dia de lembrar que todos os tiranos passam

e que os fascistas "Não Passarão"


Franco apodreceu e é apenas uma incômoda nota de rodapé no lixo da história

Os ditadores brasileiros não colheram as glórias de sua “Redentora”

E os torturadores daquele período

Circulam feito ratos pela cidade, com medo da própria sombra

E ressentidos por não terem seu trabalho reconhecido

Quase todos eles

João Paulo II apodreceu e definhou ao vivo, via satélite

Pinochet apodrece e precisa se declarar demente

Saddam é prisioneiro de seus mestres

Rei Juan Carlos, Bush, Blair, Berlusconi, Chirac, Lula, Uribe esse é o seu futuro


Vocês têm que se esconder ou ser escondidos

Se desculpar ou que alguém peça desculpas por vocês

Pois sua memória é só ultraje

Nós não precisamos esconder os nossos, nem nos desculpar

Quem tem vergonha de dizer que ama o Che?


Apenas recolhemos os mortos (quando é possível)

E voltamos a lutar pelo novo mundo

Que eles tanto tentam sempre destruir


O Brasil de hoje é filho de Domingos Jorge Velho

A Espanha hoje é filha de Torquemada

O Brasil hoje é a cara de Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Geisel

A Espanha hoje é a cara de Francisco Franco (por baixo do orgulho globalizado)


Lá e aqui a mediocridade reina

Com Telefônica e Dívida Externa,

O monarquista Real Madri e nosso futebol privatizado

Banco Santander e Banco do Brasil,

Repsol e Petrobras,

PP, PSOE, PT, PSDB,

Guarda Civil, PM...


Lorca nos deixou a vida, Franco deixou a vergonha

Drummond nos deixou a esperança, Golbery deixou o FMI

Neruda nos deixou seus versos, Pinochet deixou o genocídio

Sandino nos deixou a poesia, Somoza deixou a miséria

Os montoneros nos deixaram as Madres, Videla deixou os desaparecidos

José Martí nos deixou a revolução, Batista... quem foi Batista?

Bolívar nos deixou a unidade, Uribe traz a guerra e a submissão

Toussaint nos deixou a liberdade, liberdade que os nossos governantes querem negar ao Haiti


Criatividade, alegria, dignidade, paixão, solidariedade e vida estão submersas

Perdidas em algum lugar da memória

E no grito do sem-terra e no choro da sem-teto e na correria do camelô e na irreverência da estudante

E no ódio incendiário do imigrante e nas rugas de quem não abandonou a luta

E no desafio do jovem neto de anarquistas que hoje ocupa uma casa em Barcelona

Sempre há alguém que teima em recuperá-las

O Brasil dos cabanos ainda vai chegar

A Espanha de Andres Nin e do internacionalismo ilimitado ainda vai renascer


Memórias perdidas de quando fomos chilenos por uns dias


Foi lá pelos idos já longínquos de 2003 que o GEALC-UFF de tantas glórias realizou um belo ciclo de debates sobre o Chile da Unidade Popular. O evento não teve sessões lotadas, ao contrário um público minguado dividiu os espaços com os mosquistos do Gragoatá. Ainda assim, me lembro com carinho pelo esforço que fizemos, por ser um dos poucos (senão o único) evento no Brasil que lembrava os 30 anos do golpe no Chile e, principalmente, pela paixão com que os poucos que estivemos presentes naquela jornada de três dias descobríamos e debatíamos a experiência socialista da terra de Neruda, Mistral, Recabarren, Miguel Enriquez.

Vale ainda lembrar que Salvador Allende completaria cem anos em 2008, a mesma idade que Cartola. Em algum lugar eles certamente se encontraram e, como não existe o paraíso, provavelmente foi em alguma esquina de Nuestra América.


Clique para ver uma coleção de cartazes da Unidade Popular

martes, 28 de octubre de 2008

Roberto Fernandez Retamar e a cultura da revolução

Poeta, ensaísta, brilhante intelectual, Retamar sintetiza o debate cultural no processo revolucionário cubano. Nascido em 1930, aderiu desde sempre à revolução e esteve à frente de importante esforços para a construção do esforço intelectual no contexto de transição. Foi fundador da União de Escritores e Artistas Cubanos, da Revista Casa de las Américas (que dirigiu por vários anos) e do Centro de Estudos Martianos. Esteve portanto, desde o início no meio do furacão, de onde inclusive preparou uma interessante resposta ao clássico texto do Che, "O socialismo e o homem em Cuba", que não chegou ao destinatário e só recentemente foi publicada.

E, sendo o processo cubano em boa medida uma síntese da cultura indolatinoafromestiçoamericana, Retamar é sem dúvida um interlocutor privilegiado de suas melhores expressões e contradições, bem como de sua inevitável interseção com a política, como se pode notar nas cartas de Cortazar e do jornalista também argentino Rodolfo Walsh.

Ouvi seu nome pela primeira vez quando reproduzimos no GEAL da ESS/UFRJ o curso que ele dera no Clacso (que resultou neste livro), sobre o pensamento de nuestra america. Recentemente, a leitura de seu histórico ensaio Todo Caliban gerou impacto imediato, não só por encontrar-se com uma série de inquietações que vêm se acumulando na árdua tarefa da escrita, mas pela impresionante força ao mesmo tempo interpretativa e militante de sua leitura da colonialidade constitutiva da condição americana e a perspectiva teórico-política a ser adotada diante desse dilema.

Ia emendar aqui uns comentários sobre o texto, mas este post fica como uma introdução. Depois volto à carga com uma resenha desse texto impressionantemente criativo e provocante.



EL OTRO

Nosotros, los sobrevivientes,
¿A quiénes debemos la sobrevida?
¿Quién se murió por mí en la ergástula,
Quién recibió la bala mía,
La para mí, en su corazón?
¿Sobre qué muerto estoy yo vivo,
Sus huesos quedando en los míos,
Los ojos que le arrancaron, viendo
Por la mirada de mi cara,
Y la mano que no es su mano,
Que no es ya tampoco la mía,
Escribiendo palabras rotas
Donde él no está, en la sobrevida?

1 de Enero de 1959

domingo, 19 de octubre de 2008

Diálogos imaginários, com pareceres musicais definitivos, que realmente aconteceram, parte 2


01:44 EM: conoces "rock rocket"?
01:48 GC: não... referências?
01:49 EM: banda paulista, integrantes de cerca de 25 anos, que bebe até ficar bêbado na fonte de ramones

12 minutos
02:02 GC: ficar bêbado com ramones nem é o mais dificil...

Diálogos imaginários, com pareceres musicais definitivos, que realmente aconteceram, parte 1

GC: tava ligado no roncaronca?
00:53 EM: não
acabei de chegar em casa
foi maneiro?
00:55 GC: perdeu husker du!!!!!!!!!!
EM: porrrraaaaa!!!!
00:56 vou ouvir na net
GC: apresentada como uma das bandas mais pedidas delos ouvintes na rua
tocou só uma musiquinha,
mas tem enorme valor simbolico, não?
EM: claro
00:57 husker du é como os bons vinhos do porto, é pra ser apreciado em doses homeopáticas

Muita emoção esse cartaz, dois dias depois de meu natalício!!! Mais estética punk aqui (há muita coisa por aí, mas já estorou minha paciência pra uma busca mais detalhada agora...).

P.s.: Please, no royalties meu caro. Encare como um incentivo para avançarmos nos pitacos musicais. E viva o copyleft!!!

viernes, 17 de octubre de 2008

A sabedoria dos velhos comunistas

Nada mal estrear as incursões políticas com o comentário do mestre Saramago (até ele tem um blog!). Subscrevo plenamente seu questionamento, especialmente se traduzido para Pindorama - assunto a ser retomado.

Retirado de http://caderno.josesaramago.org/2008/10/01/onde-esta-a-esquerda/

Onde está a esquerda?

Ausento-me deste espaço por vinte e quatro horas, não por necessidade de descanso ou falta de assunto, somente para que a última crónica se mantenha um dia mais no lugar em que está. Não tenho a certeza de que o mereça pela forma como disse o que pretendia, mas para lhe dar um pouco mais de tempo enquanto espero que alguém me informe onde está a esquerda…

Vai para três ou quatro anos, numa entrevista a um jornal sul-americano, creio que argentino, saiu-me na sucessão das perguntas e respostas uma declaração que depois imaginei iria causar agitação, debate, escândalo (a este ponto chegava a minha ingenuidade), começando pelas hostes locais da esquerda e logo, quem sabe, como uma onda que em círculos se expandisse, nos meios internacionais, fossem eles políticos, sindicais ou culturais que da dita esquerda são tributários. Em toda a sua crueza, não recuando perante a própria obscenidade, a frase, pontualmente reproduzida pelo jornal, foi a seguinte: “A esquerda não tem nem uma puta ideia do mundo em que vive”. À minha intenção, deliberadamente provocadora, a esquerda, assim interpelada, respondeu com o mais gélido dos silêncios. Nenhum partido comunista, por exemplo, a principiar por aquele de que sou membro, saiu à estacada para rebater ou simplesmente argumentar sobre a propriedade ou a falta de propriedade das palavras que proferi. Por maioria de razão, também nenhum dos partidos socialistas que se encontram no governo dos seus respectivos países, penso, sobretudo, nos de Portugal e Espanha, considerou necessário exigir uma aclaração ao atrevido escritor que tinha ousado lançar uma pedra ao putrefacto charco da indiferença. Nada de nada, silêncio total, como se nos túmulos ideológicos onde se refugiaram nada mais houvesse que pó e aranhas, quando muito um osso arcaico que já nem para relíquia servia. Durante alguns dias senti-me excluído da sociedade humana como se fosse um pestífero, vítima de uma espécie de cirrose mental que já não dissesse coisa com coisa. Cheguei até a pensar que a frase compassiva que andaria circulando entre os que assim calavam seria mais ou menos esta: “Coitado, que se poderia esperar com aquela idade?” Estava claro que não me achavam opinante à altura.

O tempo foi passando, passando, a situação do mundo complicando-se cada vez mais, e a esquerda, impávida, continuava a desempenhar os papéis que, no poder ou na oposição, lhes haviam sido distribuídos. Eu, que entretanto tinha feito outra descoberta, a de que Marx nunca havia tido tanta razão como hoje, imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso. Já tenho a explicação: a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, cobardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo. Por isso não se estranhe a insolente pergunta do título: “Onde está a esquerda?” Não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões.

This entry was posted on Outubro 1, 2008 at 8:29 am

Novos rumos

Após o fim da jornada extraordiária, já me questionava se o blog teria sobrevida em tempos de massacre burocrático do cotidiano. Então, o clamor das massas... digo, o apoio instigante do velho e sábio camarada Homo Luddens, registrado nos comentários e indicado aí ao lado, me levou a dar novo alento à empreitada. Esses provocadores... Sempre conspirando para ampliar o raio de intervenção dos distúrbios psicossociais!!!

Enfim, um pouco por inquietação, um pouco por provocação, resolvi dar um fôlego para esse espaço. Além de ensaiar uma primeira reviravolta no layout, tentarei diversificar temas e abordagens. Literatura, política, sexo, cinema, música, artes, revolução, delírios, "tudo o que é humano me interessa", não necesariamente nessa ordem e de preferência se pudermaos arriscar algumas experimentações teóricas e formais que demandariam um outro comprometimento em outros espaços.

Voilá! A ver até onde vamos com tudo isso...


Homo Luddens, Luther Blisset, Gregorio Corso, Wu Ming, Capitão Swing:
o que quer essa gente?
Para saber, clique na foto.



miércoles, 15 de octubre de 2008

Receita anti-stress



Fodaralho o trabalho desse maluco, clicando na imagem tu vê mais. Acompanho desde os tempos da mitológica "Deus é Pai", a série banida da MTV por Dom Eugenio Sales. Aliás, esse também foi banido, pois era pra ser um cartão virtual...

miércoles, 8 de octubre de 2008

Uma perspectiva inusitada das cidades.

Desde os tempos em que mergulhei no universo de The Doors tenho alguma curiosidade por tumbas históricas.


Não se pode dizer que é uma mania, mas digamos que o universo relacionado à morte é sempre instigante. Para o olhar de historiador, por exemplo, é curioso pensar tanto no contexto social de determinadas épocas que é em boa medida refletido nos cemitérios, como colecionar histórias pitorescas nas quais vultos históricos continuam influenciando o presente (vide os casos Lenin ou Evita Perón)


Pois passa que um pouco por coincidência, um roteiro obrigatória nessa viagem acabaram sendo os cemitérios. Em Buenos Aires porque estavamos alojados no bairro de Recoleta, onde o cemitério é um ponto turístico e em Lima porque era obrigação da legião mariateguista ali reunida fazer uma romaria ao mausoléu do Amauta.


Recoleta é um lugar bem louco, pois trata-se de um bairro nobre, com o cemitério encravado no meio da região de bares e agitação noturna. Estivemos rodando entre as ruelas mórbidas por algumas horas, entre o fascínio e o enjôo que o ambiente provoca. Algumas são realmente impressionantes, parecem capelas luxuosas ou mini-catedrais. Vê-se sempre o esforço em expressar ali a imponência da família, sendo um lugar reservado às de pendor aristocrático, pois não há sequer uma parede daquelas com lápides empilhadas, só mausoléus. Assim há alguns mais “simples” e outros de mármore do chão ao teto. É claro que também se podia ver casos de famílias falidas, com os espaços totalmente abandonados, em ruínas. Pegamos um trecho da visita guiada por um velho ultra-conservador, que como todas visitas guiadas, é meio chata de ficar acompanhando, mas nesse caso foi interessante porque chamava atenção para alguns detalhes que nos passariam despercebidos. Como o da escultura feita de um único bloco de mármore de uma menina de uns 9 anos que morreu de tubérculos e aparece sendo levada por um anjo (ou anja?). Entre os famosos, encontramos Evita Perón, Sarmiento e alguns “herói nacionais” cheios de placas comemorativas.




Em Lima, o cemitério fica numa zona mais periférica, parece que nos limites da Lima colonial. Recentemente foi divido em 3 partes, se entendi bem. Uma é a mais histórica, com mausoléus e as construções mais imponentes. Ganhou status de museu e só pode ser visitada com autorização de um determinado órgão. Mas desenrolamos com um rapaz que fazia a guarda local e ele deixou irmos apenas à tumba de Mariátegui. É uma pedra, com algumas insrições, coisa bem simples. Ficamos ali alguns minutos e fomos visitar o pai de um amigo que nos acompanhava, um velho militante do PC em Arequipa (não o amigo, seu pai). Está na outra parte, que é toda mais simples, embora também tenha covas de tempos coloniais pelo que foi mencionado. O que seria a terceira parte, parece que a mais popular, está separada por uma avenida. Saímos dali e passando novamente pelo túmulo de Mariátegui, ainda vi um grupo grande de jovens visitando-o. Dali fomos atrás da procissão que não encontramos e acabamos trocando pela perdição da última noite em Lima.



O saldo dessas incursões foi positivo, pois além dos sustos e sobressaltos, saímos com um olhar peculiar das cidades e mais algumas histórias cabulosas de cemitérios.

Como a de um estudante argentino que, vivendo em Londres, saía regularmente do trabalho e sentava-se com uma caneca de café ao lado da tumba de Marx pra pensar na vida ou sabe-se lá no que mais. Ou a do próprio Mariátegui, conhecida de todos ali presentes, que em seus tempos de boêmia juvenil juntou-se com uns amigos a tocar a marcha fúnebre para a dança erótica da bailarina russa Norka Rouskaia, uma maneira bem heterodoxa de comemorar a revolução, que escandalizou a católica aristocracia limenha.


Quem quiser, pode preparar aqui o seu próximo roteiro mórbido, podendo inclusive partir de trajetos mais próximos.

lunes, 6 de octubre de 2008

Back to black

Depois de uma intensa jornada acadêmico-cultural-etílica-gastronômica por Lima, estou de volta ao lar, ao trabalho, à rotina, à expectativa de novas odisséias. Vamos ver se esta empresa blogueira, criada em contexto tão peculiar, persiste em tempos ordinários ou se vira apenas mais um amontoados de bytes a entupir a cyberlixeira.

Os dois dias do evento foram bem intensos, em todos os sentidos. No primeiro, foi um choque, pois logo vimos que a coisa era bem diferente do que esperávamos. Muita formalidade, muita dondoquice, muita coisa nada a ver. Algumas boas apresentações, mas sem espaço para o debate. O melhor, como qualquer evento dessa espécie, apareceu nos bastidores. Conhecemos uns tipos bem interessantes, descobrimos alguns podres da mítica aristocracia limenha, abrimos alguns espaços de intercâmbio.

Apresentei meu trabalho na sexta à tarde e, tomado de desespero pela pompa da circunstância tive certeza que fora minha pior apresentação em público, incluindo todas as aulas; sentia calor e queria me esconder embaixo da mesa... Falei em castelhano, tentando ser sintético e devagar. No final, os amigos elogiaram e alguém definiu como “simpática” a minha ponencia, que pela reação dos demais, essa parece ter sido mesmo a impressão que deixou. Do Simpósio propriamente dito, ficou um quadro (um tanto melancólico) da cena mariateguista atual, pois boa parte dos trabalhos era meramente laudatório ou transcendia para uma metafísica hermenêutica pós-moderna; ambos casos totalmente alheios a seu espírito.



Cenário montado

Por outro lado, formamos ali um grupo interessante que estendeu, pelas tardes e madrugadas que nos restaram, as discussões teórico-políticas, as andanças boêmias e as degustações gastronômico-etílicas. Modéstia à parte, muito mais afins ao legado do mestre que unia a todos ali. Assim houve um primeiro encontro na quinta, dia em que começou o evento, quando conhecemos um muchacho equatoriano muito buena onda e um professor da San Marcos loquíssimo. Sexta integrou-se um já velho amigo vindo de Cuzco e outras pessoas no caminho até chegarmos ao porre antológico de sábado, quando passamo o dia juntos, fomos à tumba de Mariátegui, tentamos achar a procissão do Senhor dos Milagros mas não encontramos e fomos parando de bar em bar, provando algumas especiarias da culinária de botecos limenhos, até chegar a um ponto em que passei a reter apenas algumas seqüências de vozes, odores, imagens e sabores na memória para enfim um táxi me despejar no hotel. Umas horas depois estava acordando para jogar tudo na mochila e partindo a galope para o aeroporto – um galope que quase me derruba de vez.

Mariateguistas preparando-se para incendiar Lima