miércoles, 4 de noviembre de 2009

“Não tive tempo de ter medo”

Nome maldito para saudosos do muro stalinista, "democratas de mierda y forros pacifistas"... Atualmente, construir uma perspectiva crítica, de esquerda, emancipatória (revolucionária, para dizer em uma palavra) passa por assimilar uma cultura que, dentre outras peculiaridades de um contexto contrarrevolucionário, relegou ao esquecimento figuras como Carlos Marighella. Nem desqualificação, nem ataques extemporâneos, a segunda morte de um revolucionário é operada apagando-se a sua memória. Não se conhece seu pensamento nem sua trajetória, não se menciona como uma referência...

Felizmente, me formei em um ambiente diferenciado nesse (e em muitos outros) aspecto. Nas discussões daquele pequeno círculo brancaleônico que a partir de algum momento colocou-se como tarefa trabalhar pela revolução continental, aprendemos a admirar, reconhecer, assimilar esse mulato baiano que não foi domesticado pelas diretrizes cinzentas do stalinismo e, quando chegou a "hora dos fornos", não vacilou em enfrentar a situação na radicalidade em que se colocava. Rompeu com o burocratismo do Partidão e propôs uma forma organizativa baseada no princípio da ação revolucionária para fazer frente à ditadura implantada pelos gorilas em 1964. Buscava a um tempo dar a resposta urgente que o momento exigia, aglutinando distintos setores da resistência (estudantes, operários, camponeses, padres, artistas etc.)


Mas entendeu que a resistência só seria vitoriosa se apontasse para uma saída revolucionária. Uma revolução socialista no Brasil, com desenlace continental. Uma avaliação que demonstra sua consistência quando se analisa a evolução política do país após os 20 anos de dominação ditatorial, a transição negociada e a frágil sustentação da "democracia", sobre o pacto entre os herdeiros dos gorilas e os que se acomodaram ao esquema de conciliação pelo alto que perpetua as desigualdades históricas que nos constituíram como nação (concentração de terras, Estado autoritário, dominação policialesca, clientelismo, miséria, racismo, exclusão etc.)


Aos nossos mortos, nem um minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!

COMANDANTE MARIGHELLA, PRESENTE!



Carlos, a face oculta de Marighella, é um livro necessário e oportuno. Necessário porque, nos tempos atuais a figura francamente altruísta do comunista Carlos Marighella precisa ser conhecida pelas novas gerações induzidas, quase sempre para o caminho do individualismo pragmático. E oportuno porque restabelece a realidade dos fatos contra a visão maniqueísta construída pela ideologia dominante, cujo papel consiste em fazer passar a todos a idéia de que os que se insurgem são desviantes, marginais ou simplesmente agitadores contumazes, desordeiros enfim.

Este livro repõe a figura exemplar desse combatente pelos direitos sociais das camadas populares. E manteve-se íntegro o tempo inteiro de sua vida dedicada à causa da revolução, integridade que inclui o jeitão caloroso com que se relacionava com os outros, companheiros ou não de uma jornada marcada pelas adversidades, mas também por alegrias que sabia compartilhar com aqueles que se beneficiavam de sua amizade. E, o trazer essa face oculta, porque deliberadamente ocultada pela visão distorcida da ida na clandestinidade, esta visão preconceituosa, profundamente contrária ao seu espírito franco e generoso, o autor desfaz a imagem do político profissional como alguém destituído de sensibilidade para com os seus semelhantes. A ternura de que falava Che a propósito das tarefas de um revolucionário está plenamente presente nas atitudes de vida desse belo personagem tão bem biografado neste livro.


1 - Capa e sinopse do livro recém-lançado do historiador Edson Teixeira.


Seguem alguns eventos que se realizarão este mês. No blog comemorativo, além de umas imagens interessantes, um calendário mais completo.

I) Vídeo seguido de debate, hoje a partir das 16h30, na Escola de Serviço Social da UFF:


II) Programação variada, dos dias 2 a 6 e 14 deste mês, na Escola Nacional Florestan Fernandes:







III) CICLO DE PALESTRAS
"MARIGHELLA VIVE - UMA HOMENAGEM A ESTE GRANDE BRASILEIRO".
DEBATES E LANÇAMENTO DE LIVROS.

DIAS 11, 12 E 13 DE NOVEMBRO.

LOCAL: ASSOCIAÇÃO SHOLEM ALEICHEM (ASA) RUA São Clemente, 155 – BOTAFOGO -(próximo à estação do metrô BOTAFOGO) - RIO DE JANEIRO.
HORÁRIO: DAS 19h00min até 21h00min h.

INSCRIÇÕES GRATUITAS PELO EMAIL: cemobafluminense@terra.com.br

Ou na ASA, duas horas antes da abertura (dia 11/11 das 17h00min até 18h45minh). VAGAS LIMITADAS.

PROGRAMAÇÃO
11/11/09 - Quarta-feira – ESTADO, AUTORITARISMO E VIOLÊNCIA - JOÃO BATISTA DAMASCENO (MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA).

12/11/09 – Quinta-feira – O ATO INSTITUCIONAL Nº 5 e a REPRESSÃO - Professor RUBIN S. LEÃO
DE AQUINO (AUTOR DE LIVROS DE HISTÓRIA).

13/11/09 – Sexta-feira – "CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA" - EDSON TEIXEIRA – PROFESSOR E ESCRITOR e "MARIGHELLA E A ALN"
CARLOS
EUGÊNIO PAZ – SINDICALISTA E ESCRITOR.

VENHA E PARTICIPE!

Para se inscrever envie: Nome, endereço, profissão, endereço de e-mail. E aguarde a confirmação da sua inscrição.

Apoio: Associação Sholem Aleichem.

Coordenação: Centro de Memória Oral da Baixada Fluminense.