lunes, 6 de octubre de 2008

Back to black

Depois de uma intensa jornada acadêmico-cultural-etílica-gastronômica por Lima, estou de volta ao lar, ao trabalho, à rotina, à expectativa de novas odisséias. Vamos ver se esta empresa blogueira, criada em contexto tão peculiar, persiste em tempos ordinários ou se vira apenas mais um amontoados de bytes a entupir a cyberlixeira.

Os dois dias do evento foram bem intensos, em todos os sentidos. No primeiro, foi um choque, pois logo vimos que a coisa era bem diferente do que esperávamos. Muita formalidade, muita dondoquice, muita coisa nada a ver. Algumas boas apresentações, mas sem espaço para o debate. O melhor, como qualquer evento dessa espécie, apareceu nos bastidores. Conhecemos uns tipos bem interessantes, descobrimos alguns podres da mítica aristocracia limenha, abrimos alguns espaços de intercâmbio.

Apresentei meu trabalho na sexta à tarde e, tomado de desespero pela pompa da circunstância tive certeza que fora minha pior apresentação em público, incluindo todas as aulas; sentia calor e queria me esconder embaixo da mesa... Falei em castelhano, tentando ser sintético e devagar. No final, os amigos elogiaram e alguém definiu como “simpática” a minha ponencia, que pela reação dos demais, essa parece ter sido mesmo a impressão que deixou. Do Simpósio propriamente dito, ficou um quadro (um tanto melancólico) da cena mariateguista atual, pois boa parte dos trabalhos era meramente laudatório ou transcendia para uma metafísica hermenêutica pós-moderna; ambos casos totalmente alheios a seu espírito.



Cenário montado

Por outro lado, formamos ali um grupo interessante que estendeu, pelas tardes e madrugadas que nos restaram, as discussões teórico-políticas, as andanças boêmias e as degustações gastronômico-etílicas. Modéstia à parte, muito mais afins ao legado do mestre que unia a todos ali. Assim houve um primeiro encontro na quinta, dia em que começou o evento, quando conhecemos um muchacho equatoriano muito buena onda e um professor da San Marcos loquíssimo. Sexta integrou-se um já velho amigo vindo de Cuzco e outras pessoas no caminho até chegarmos ao porre antológico de sábado, quando passamo o dia juntos, fomos à tumba de Mariátegui, tentamos achar a procissão do Senhor dos Milagros mas não encontramos e fomos parando de bar em bar, provando algumas especiarias da culinária de botecos limenhos, até chegar a um ponto em que passei a reter apenas algumas seqüências de vozes, odores, imagens e sabores na memória para enfim um táxi me despejar no hotel. Umas horas depois estava acordando para jogar tudo na mochila e partindo a galope para o aeroporto – um galope que quase me derruba de vez.

Mariateguistas preparando-se para incendiar Lima

1 comentario:

andreza dijo...

ainda bem que o táxi te despejou direitinho no aeroporto, hehehe