lunes, 3 de noviembre de 2008

Para 20/11


Se alguém quiser ousar chamar isso de poema, fique à vontade. Ficarei lisonjeado... Eu considero apenas uma enxurrada de idéias que me vieram à cabeça uns anos atrás quando vi que na mesma data morreram Zumbi (há mais de 300 anos) e Franco (há 30). A relação que consegui fazer foi essa.


PS.: Relendo, só posso dizer que como poeta não passo de um historiador medíocre... :-( Ainda assim, ouso publicar.


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20 de novembro de 2005

(ao som de mundo livre s/a – a banda que junta Jacob do Bandolim com Noam Chomsky)

Paris arde, Recife é demolida,

El Alto espera,

Madri queima, Catalunha recorda


Durruti e Zumbi, hoje é nosso dia

Dandara e Pasionaria, hoje é nosso dia

Dia de comemorar as vitórias do povo

Dia de celebrar a resistência

Dia de lembrar que todos os tiranos passam

e que os fascistas "Não Passarão"


Franco apodreceu e é apenas uma incômoda nota de rodapé no lixo da história

Os ditadores brasileiros não colheram as glórias de sua “Redentora”

E os torturadores daquele período

Circulam feito ratos pela cidade, com medo da própria sombra

E ressentidos por não terem seu trabalho reconhecido

Quase todos eles

João Paulo II apodreceu e definhou ao vivo, via satélite

Pinochet apodrece e precisa se declarar demente

Saddam é prisioneiro de seus mestres

Rei Juan Carlos, Bush, Blair, Berlusconi, Chirac, Lula, Uribe esse é o seu futuro


Vocês têm que se esconder ou ser escondidos

Se desculpar ou que alguém peça desculpas por vocês

Pois sua memória é só ultraje

Nós não precisamos esconder os nossos, nem nos desculpar

Quem tem vergonha de dizer que ama o Che?


Apenas recolhemos os mortos (quando é possível)

E voltamos a lutar pelo novo mundo

Que eles tanto tentam sempre destruir


O Brasil de hoje é filho de Domingos Jorge Velho

A Espanha hoje é filha de Torquemada

O Brasil hoje é a cara de Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Geisel

A Espanha hoje é a cara de Francisco Franco (por baixo do orgulho globalizado)


Lá e aqui a mediocridade reina

Com Telefônica e Dívida Externa,

O monarquista Real Madri e nosso futebol privatizado

Banco Santander e Banco do Brasil,

Repsol e Petrobras,

PP, PSOE, PT, PSDB,

Guarda Civil, PM...


Lorca nos deixou a vida, Franco deixou a vergonha

Drummond nos deixou a esperança, Golbery deixou o FMI

Neruda nos deixou seus versos, Pinochet deixou o genocídio

Sandino nos deixou a poesia, Somoza deixou a miséria

Os montoneros nos deixaram as Madres, Videla deixou os desaparecidos

José Martí nos deixou a revolução, Batista... quem foi Batista?

Bolívar nos deixou a unidade, Uribe traz a guerra e a submissão

Toussaint nos deixou a liberdade, liberdade que os nossos governantes querem negar ao Haiti


Criatividade, alegria, dignidade, paixão, solidariedade e vida estão submersas

Perdidas em algum lugar da memória

E no grito do sem-terra e no choro da sem-teto e na correria do camelô e na irreverência da estudante

E no ódio incendiário do imigrante e nas rugas de quem não abandonou a luta

E no desafio do jovem neto de anarquistas que hoje ocupa uma casa em Barcelona

Sempre há alguém que teima em recuperá-las

O Brasil dos cabanos ainda vai chegar

A Espanha de Andres Nin e do internacionalismo ilimitado ainda vai renascer


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